“Tem mais gente morrendo de droga lícita, do que o contrário” diz Tarso Araújo

  • Por Jovem Pan
  • 25/08/2015 13h51
Bruna Piva / Jovem Pan <p>Livro reúne diversas informações sobre as drogas no aspecto social, econômico e político</p>

Tarso Araújo já trabalhou nos mais importantes veículos de comunicação e com suas reportagens ganhou o Prêmio Esso de Criação Gráfica, pela Folha de S. Paulo, e do Prêmio Abril de Jornalismo, pela revista Placar.

Nesta terça-feira (25), o autor do “Almanaque das Drogas” esteve nos estúdios do programa Pânico e contou ao elenco como surgiu a ideia de escrever o livro, que tem por intuito fazer um debate consciente sobre o assunto.

“Como jornalista, fui pautado acidentalmente, fiz uma primeira matéria por encomenda e acabei me interessando, porque apesar de ser um assunto que está em todo lugar, as pessoas não sabem o suficiente. Não tinha nenhum livro que falasse de forma acessível, sem tabus”, disse.

Tarso relata que um dos principais problemas no combate ao vício e até mesmo na descriminalização do uso, que só estigmatiza o usuário, é a falta de informação.

“Hoje em dia tem mais gente morrendo de droga lícita, do que o contrário. É um baita ‘business’, mesmo proibido. As pessoas têm medo porque a moral e a religião dizem que é uma coisa perigosa, e ela realmente pode ser, mas aí tem também um medo derivado da própria falta da informação, que é o medo do desconhecido. A garotada vai para escola, vê os amigos usando, mas ninguém fala sobre isso. Quando tem um acidente de carro por uso de álcool alguém te proíbe de usar o carro? Não, te ensinam que isso é perigoso. É isso que deveria ser feito com as drogas na escola”, defendeu.

Questões políticas

Sobre a posição das autoridades de uma espécie de “guerra às drogas”, o autor defende que não adianta o Estado cuidar apenas em uma situação limite, mas muito antes que ela aconteça, prevenindo, educando.

“Estamos em uma transição, ainda reformando os modos de pensar. Aí cada coisa tem o seu tempo, aos poucos a gente começa a ver isso acontecer com as drogas. É uma questão de tempo ver que essa repressão é ruim para todos os lados. A premissa é de que o Estado quer proteger o cidadão do que ele pode ou não fazer, mas eles têm tentado proibir apenas o uso de certas drogas (não todas, porque álcool e tabaco, por exemplo, não são proibidos), há cerca de 50 anos, pelo menos, sem nenhum sucesso”, completou.

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